ec6 As pessoas não se sentem responsáveis pela destinação correta de eletrônicos

Marcelo Souza é um dos dirigentes da Revertec. Empresa incubada aposta na logística reversa. Foto: Blog do Ideias

 

Reaproveitar componentes de geladeiras, equipamentos de refrigeração, computadores, impressoras, celulares e telefones é uma atitude ambientalmente correta e lucrativa. Esse é o negócio da Revertec, uma integrante da incubadora de econegócios (Incubalix) da Marca Ambiental, empresa responsável pelo primeiro aterro sanitário privado do Espírito Santo, referência em práticas sustentáveis e ações socioambientais.

Materiais valiosos como cobre, níquel, prata e até ouro fazem parte da estrutura da Revertec, e se forem devidamente separados e diluídos, podem retornar ao processo produtivo como matéria-prima de um novo ciclo. Dirigido pelos jovens Marcelo Henrique Silva Souza, Vitor e Luana Romero, o empreendimento ocupa um galpão de 500 m² e conta com três funcionários. Atualmente a produção é de 25 ton/mês.

Marcelo contou que a ideia surgiu ao constatarem a dificuldade em descartar corretamente equipamentos de refrigeração em desuso em 2005. Na época, ele trabalhava no Instituto Ideias e Vitor no programa de eficiência energética do estado capixaba. Eles pesquisaram e viram que só havia empresa especializada nesse serviço na capital paulista. Em 2007, começaram a desenvolver o projeto da Revertec para apresentar à Marca Ambiental. Em novembro de 2010, o empreendimento se tornou integrante da Incubalix.

“Sabíamos das vantagens de ser incubado: redução de custos; estar dentro da Marca Ambiental; contar com o apoio do Sebrae, o que abriria portas pra gente”, justificou Marcelo ao portal do Centro Sebrae de Sustentabilidade. Ele revelou que o licenciamento ambiental foi uma dificuldade, pois levou praticamente dois anos para conseguir.

Mercado e Lei dos Resíduos Sólidos

O empresário lamentou que o serviço de destinação final de resíduos eletroeletrônicos ainda seja desconhecido no mercado, apesar da legislação em vigor. “As pessoas não se sentem responsáveis por dar destinação correta ao material. Descartam no lixo normal. Além disso, há concorrência desleal nesse mercado, por exemplo, tem gente que recolhe gratuitamente, sem estar licenciado para isso”, relatou.

A Revertec cobra pela destinação e armazena obrigatoriamente informações sobre os equipamentos descartados, como número de fabricação, nota fiscal e também emite certificado respectivo de destinação. O órgão ambiental fiscaliza os registros da empresa. O empreendimento não recebe pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes.

Todo o material separado pela Revertec é vendido para empresas de São Paulo e Rio de Janeiro, que exportam depois. Alguns dos materiais são reciclados apenas na Bélgica, segundo Marcelo. A meta da Revertec é exportar diretamente, futuramente, mas para isso será preciso crescer, contar com mais capital de giro, espaço e funcionários.

“Quando a Política Nacional de Resíduos Sólidos pegar, aí teremos mais negócios, porque as grandes e médias empresas terão de procurar empresas licenciadas como a nossa para descartar. Por enquanto, há muita concorrência de empresas de fora ou sem registro. Mas acreditamos que o mercado vai melhorar com a legislação”, projetou o empresário.

* Publicado originalmente no site EcoD.

Fonte: Envolverde