Aprovado o plantio da cana na Amazônia Legal
Por Idelber Avelar Guarani Kaiowá, no Facebook
Eu não sou a pessoa mais equipada para descrever o tamanho da desgraça que acaba de acontecer na Comissão de [Destruição do] Meio Ambiente no Senado. Mas sei que ela é bem grande. Por cinco votos a dois, com uma abstenção, ela aprovou o plantio de CANA na Amazônia Legal (https://bit.ly/18J82BL). É decisão terminativa, ou seja, é de comissão, mas tem o valor de decisão do Senado, a não ser que nove senadores apresentem recurso. Se não apresentarem, vai direto para o plenário da Câmara.
Uma das experiências mais marcantes da minha vida aconteceu em Jataí, onde entrevistei durante quatro horas um dos maiores, se não o maior, conhecedor do bioma cerrado no mundo, o Seu Binômio. Ele me contou com minúcias o papel da cana-de-açúcar na destruição do cerrado. E, no final, me alertou: "olha, moço, agora eles vão pra cima da Amazônia". É a lógica da cana: destruir o solo utilizado, queimar, passar ao seguinte.
O agronegócio da cana ocupa o primeiro lugar no ranking de libertações de trabalhadores escravizados no país (https://glo.bo/19pJcnT), é devastador para a terra, funciona numa lógica predatória de arrasa-quarteirão e passa-para-o-quarteirão-seguinte, provoca erosão e destruição de nascentes e, evidentemente, na Amazônia, será uma total e completa desgraça para a maior biodiversidade do planeta. Como disse a Susan, depois da cana, nem pasto vinga. Para que se tenha uma ideia, sequer a Embrapa queria cana na Amazônia.
Mas, enfim, teremos mais etanol para vender! Por mais uns anos. Enquanto há mundo.