As salsichas de Bismarck e o jornalismo econômico brasileiro
Uma das frases mais famosas de Otto von Bismarck era de a de que “se o povo soubesse como são feitas as salsichas e as leis, não dormiria tranquilo”.
Se o antigo chanceler alemão desse uma passadinha por aqui acrescentaria à lista o jornalismo econômico brasileiro.
Você está vendo as reproduções aí em cima, não é?
O corte dos juros pelo BC foi tratado como uma “enorme surpresa”. Uma decisão absurda, errada, meramente política, um despautério.
Até o especializado “Valor Econômico” lascou na manchete:“Jornais: BC surpreende e reduz a taxa de juros após apelo de Dilma
Pois não é que, hoje, encontro no mesmo Valor uma matéria dizendo que “Qualquer operador de juros que se preze sabia do corte”.
Mas que diacho de surpresa era essa, então, dos nossos “sabidos” editores de economia?
Surpresa nenhuma, como a gente já havia demonstrado aqui, há semanas.
Apenas a dose de “espanto” necessária para criar um clima de suspeitas em torno da política econômica.
A fonte do Valor – “um banqueiro que ganhou dinheiro com o corte da taxa Selic”, na definição do próprio jornal – tripudia: “até a recepcionista do Planalto já repetia que o ajuste fiscal abria espaço para o corte dos juros” .
Só a imprensa conservadora – seria isso um pleonasmo? – ficou “surpresa”? E segue, um mês depois, afirmando que o corte foi político, coisa que nem as agências internacionais de classificação de riscos – “juristas”militantes – enxergam, como disse hoje o vice-presidente da Moody’s numa palestra em São Paulo.
É com este critério, capacidade, imparcialidade e sagacidade que parte – felizmente parte e, infelizmente, a parte mais prestigiada – do nosso jornalismo econômico é feito.
Como as leis e as salsichas de Bismarck.
Por: Fernando Brito
Fonte: Blog Projeto Nacional
Tópico: As salsichas de Bismarck e o jornalismo econômico brasileiro
Nenhum comentário foi encontrado.