O povo também precisa de território

16/07/2011 13:50

Marcos Miliano *

Todos sabem que o país passa por um processo de decomposição no prestígio das instituições, decorrente não apenas da corrupção generalizada, reconhecida no corpo político até pelo Supremo Tribunal Federal, mas, principalmente, à ruinosa submissão das políticas do Estado aos “ganhos econômicos” obtidos pelas vantagens tributárias garantidas às grandes empresas, e à usura que suga a vitalidade da economia e da sociedade como um todo.

O nosso país é rico em recursos; especialistas discursam que o futuro está no Brasil. Temos água em abundância, muitos minérios e petróleo, só para citar os itens mais cobiçados pelos governos e corporações do mundo. A cobiça dessas riquezas, disfarçada em política ambientalista e indigenista de governos internacionais, que articulados com NGOs - non-governmental organization e suas parceiras ONGs no Brasil almejam “os cuidados” de áreas do território nacional brasileiro, a título de posse privada ou cuidados com os direitos dos povos indígenas, em especial nas fronteiras do norte do Brasil.

Em nosso país as reservas indígenas ocupam quase 1,1 milhão de quilômetros quadrados, cerca de 13% do território nacional, para pouco mais de 400 mil indígenas, se compararmos, toda a Região Sudeste, a mais populosa do País, com mais de 75 milhões de habitantes, não chega a 928 mil quilômetros quadrados!

Temos que ficar ao menos atentos, por exemplo, à “Iniciativa para a Conservação da Bacia Amazônica” (ABCI, sigla em inglês), da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos EUA (USAID), para possíveis planos de ocupação da Região Amazônica, que ao que parece já acontece na Reserva Indígena Raposa Serra do Sol.

Segundo relatórios do Exército Brasileiro, vindos a público pelo Gen. Maynard (recentemente exonerado), nessas regiões, algumas ONGs são utilizadas como instrumentos de captação de informações por organismos de inteligência estrangeiros, na sondagem de riquezas em áreas onde entram livremente, sob o pretexto da pesquisa ou ajuda humanitária.

Vemos os políticos profissionais falando de políticas sociais, educação, saúde, emprego, moradia e meio ambiente, todos os assuntos da maior importância, sem dúvida, todos atingem o eleitorado por que dizem respeito diretamente às suas vidas. Mas, quanto a falar de soberania, cuidado com as fronteiras e a defesa nacional? Não vi esses assuntos em debate no congresso muito menos nas campanhas presidenciais. Certamente não são de menor importância. Precisamos pensar em cuidar de nossos recursos naturais, mantendo-os sob os cuidados do Governo Brasileiro!

O que vemos são políticos interessados apenas em se perpetuar no poder, dizendo e prometendo qualquer coisa para isso. Temos uma visão comprometida pelo discurso da democracia formal poder se impor sobre os princípios de justiça e bem estar geral da sociedade, e podemos perceber isso, aqui, bem perto, no litoral sul de Pernambuco, onde algumas dezenas de sítios estão em propriedade de estrangeiros.

Nossas Forças Armadas infelizmente não tem o poder para guardar as fronteiras, por que não depende apenas da vontade dos soldados e oficiais, mas também de infraestrutura. A nova “presidenta” precisa pensar em guardar campos estratégicos para o Brasil e não entregá-los, para aparecer bonita na comunidade internacional. Cuidemos disso! Ou dentro em pouco estaremos vendendo ações da Amazônia porque podemos “fortalecê-la e capitalizá-la” como foi feito com a Petrobrás. Se quiseres paz, te prepara para a guerra.

*Marcos Miliano é bacharel em ciências sociais, formado pela UFRPE e pesquisa as comunidades tradicionais em Suape - PE. Email:marcos.miliano@gmail.com

Fonte: Blog da Ciência e Meio Ambiente 

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