Religião no Estado: O Estopim da Bomba!

21/02/2012 11:03

 

Desde sempre o homem necessita de dois elementos indispensáveis ao convívio social: O primeiro é a religião, o segundo, a direção política da sociedade conhecida como Estado. Controvérsias a parte, a história nos mostra que o homem sempre se socorreu da religião para explicar o desconhecido. Mesmo nos dias atuais, com um cabedal de conhecimentos consolidados; apesar do seu caráter subjetivo - a religião continua como salvaguarda para muitos- pouco importando a condição social do indivíduo.

Muitos estados teocráticos surgiram e desapareceram nas brumas da História. Egito e seus faraós, os filho de Rá; Grécia, onde os deuses se revestiam dos mais vis desejos humanos; Roma, com seus imperadores divinizados. Para não ficar apenas em exemplos "pagãos" citamos Israel, governado, durante muito tempo, por juízes escolhidos diretamente por Deus; além de alguns dos seus reis, entre eles Saul e Davi - inimigos ferrenhos, todavia, frutos da escolha divina. Incluamos também os Estados islâmicos, hindus, xintoístas, budistas, que ao longo da existência humana ditam a conduta das sociedades as quais governam.

Nesta valsa político-religiosa, os passos dos dançarinos destoam do ritmo da música, as virtudes do espírito sucumbem quase sempre aos vícios da carne; impraticável a conciliação desses dois institutos por divergências gritantes em seus objetos principais: a religião - baseada em uma realidade transcendente, divina, verticalizada, a criatura submissa inteiramente ao criador; a política - mundana, volúvel, inconsistente e instável, presa ao pensamento humano, ora verticalizada na figura de um déspota; ora em instituições democráticas. Os Estados mais equilibrados são aqueles dissociados da religião, não implicando o desaparecimento desta. Conhecemos o mal que pode fazer a religião à política, o Estado Teocrático é caracterizado pela submissão ao sobrenatural, conta com seus oráculos, transmissores de mensagens divinas "incontestáveis"; situação oposta experimenta a política.

Como nada neste mundo está isento de críticas, sendo a religião por causa de seus dogmas avessa a elas, a tensão está formada! Desconsidere a autoridade papal, blasfeme contra Maomé, desafie as crenças cristãs, insulte o dalai-lama, inaceitável! Como então fundir em um só corpo partes tão distintas e conflitantes? Não há mágicas nem meios-termos, a relação histórica político-religiosa revela natureza sanguinolenta - cruzadas, guerras santas - destruição cultural, servidão muda das vontades. A política permite a convivência pacífica com a oposição, a religião prima pela submissão do pensamento. A união delas gera um ser anômalo, perigoso, desprovido de limites por juntar em suas mãos dois poderes antagônicos: um espiritual, invisível; outro material e tangível.

Por L Menezes

Tópico: Religião no Estado: O Estopim da Bomba!

Nenhum comentário foi encontrado.