Rio poluído prejudica população

15/10/2012 10:55

DENÚNCIA

 

Moradores do bairro de Tejipió, no Recife, pedem providências


  Foto: Hesíodo Góes

Por Camila Lindoso*

Um rio poluído, com garrafas, panos e brinquedos jogados como se já fizessem parte da natureza. Mas o mau cheiro foi a maior reclamação da comunidade que mora perto do rio Tejipió, Zona Oeste de Recife, na altura do terminal do bairro que leva o mesmo nome do rio. A situação precária na qual se encontram fizeram a comunidade chamar à reportagem da Folha de Pernambuco. Os moradores acabam vivendo, também, em meio à grande quantidade de mosquitos, o que prejudica o dia a dia da população local.

“Faz quatro anos que eu venho reivindicando para limpar esse rio. Essa situação vem prejudicando todo mundo que mora aqui perto”, revelou um dos moradores da comunidade, o aposentado Everton Alan de Souza Lira, de 25 anos. Ele, que passou por um transplante de rins há dois anos, garante que a cada dia a realidade do rio piora e traz transtorno para ele, que diz não ter saúde para viver assustado com os problemas que pode adquirir por causa do descaso. “Não posso ficar respirando um ar desse, com medo de pegar alguma doença ou algo do tipo. Ninguém nunca fez nada por isso aqui”, acrescentou ele.

Outro morador da região, o funcionário público Pedro Paulo dos Santos, de 29 anos, diz que cresceu na localidade e brincava no rio quando era criança. “Hoje se eu entrar no rio eu pego é uma doença. Está preto, poluído, com mau cheiro. É uma situação de abandono mesmo”, revelou ele. Na última sexta-feira, com a presença da reportagem no local, obras estavam sendo realizadas pela construtora Rodolfo Aguiar no encanamento, o qual tem saída para o rio, e que estava estourado.

De acordo com os moradores, o despejo dos dejetos sempre acontece, e seria um dos fatores que estaria contribuindo para a poluição e o mau cheiro. “Essa encanação vai para dentro do rio. Isso aconteceu depois dos prédios construídos aqui na região. Hoje (sexta-feira) eles estão fazendo essas obras, mas quebraram toda a rua por causa da encanação. Tava tudo cheio de esgoto”, contou Pedro Paulo. Quem também se sente prejudicada é a idosa Maria da Luz Amorim Alexandre, de 81 anos. “É um mau cheiro terrível. E agora está ainda pior. Quando vem o vento ninguém aguenta o fedor”, disse ela.

De acordo com a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), a responsabilidade da limpeza do rio não é da Prefeitura do Recife, mas, sim, do Governo do Estado, já que o rio Tejipió corta mais de um município. No entanto, a assessoria de Imprensa da secretaria de Recursos Hídricos informou, por meio de nota, que os serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos são de competência das prefeituras. O órgão esclareceu que a questão da revitalização do rio é de responsabilidade deles, mas que, por enquanto, não há projetos para o rio Tejipió.

Sobre a obra da construtora, o dono, Rodolfo Aguiar Filho, explicou que a água que escorre para o rio é fluvial e passa por todos os processos de limpeza e filtração antes de ser despejada. “Temos licença concedida pela secretaria de Meio Ambiente e pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH). Nem a empresa e nem o órgão público faria algo para prejudicar ou danificar o meio ambiente. É nível zero de poluição”, garantiu.

Madalena
No último Folha Resolve mostramos a realidade da Praça Professor Calazans, no bairro da Madalena, que se encontra em situação de abandono, com brinquedos quebrados e muito lixo. No local, os moradores reclamaram da falta de cuidado e zelo com o espaço público, que, segundo eles, é o único de lazer da região. Além disso, eles reforçaram o me­do de frequentar a praça durante à noite, por causa do uso de drogas e da falta de iluminação.

Por meio de nota, a assessoria de Imprensa da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) informou que a recuperação da Praça Professor Calazans está dentro do pacote de requalificação de espaços e equipamentos públicos, que já recuperou 45 áreas de lazer em todo o Recife. A previsão é que as obras sejam iniciadas até o final deste ano.

*Publicado originalmente no site Folha de Pernambuco

 

 

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