Roubo de madeira e desmatamento ilegal são denunciados na Terra do Meio (PA)

27/07/2012 18:08

Em carta, a Rede Terra do Meio alerta para os crimes ambientais que estão acontecendo no oeste do Pará e pede providências e ações eficazes de combate. Denúncia é feita com base em estudo realizado pelo ISA sobre a mudança no padrão de atuação dos madeireiros na Terra do Meio (PA)

 

Do ISA, Instituto Socioambiental.

 

A cobiça de grupos dedicados à extração de ilegal de madeira os têm levado para o interior de Unidades de Conservação federais e Terras Indígenas paraenses. Com o esgotamento de madeira de lei em áreas não protegidas, UCs e TIs voltaram à mira, como apontou estudo realizado pelo ISA em 2011 chamado "Integridade territorial e vetores de degradação na Terra do Meio" que registra o avanço da atuação ilegal em áreas como a Reserva Extrativista (Resex) Riozinho do Anfrísio e na Terra Indígena Cachoeira Seca do Iriri.

Para denunciar o descaso com que o assunto vem sendo tratado pelo governo, a Rede Terra do Meio, um fórum formado por institutos de pesquisa, governo e organizações não governamentais, divulgou um documento com o alerta e possíveis soluções para esta situação.  Leia a carta na íntegra

 

Estrada aberta ilegalmente para escoar madeira na Resex Riozinho do Anfrísio

 

De acordo com o diagnóstico, há um aumento substancial na exploração madeireira em 2010 e 2011 na fronteira noroeste da Terra do Meio. Só na Resex Riozinho do Anfrísio, áreas com mais de oito mil hectares estavam sob exploração ilegal, sem intervenção do Estado. O estudo registrou mais de 260 quilômetros de estradas ilegais no interior da Resex, dedicadas exclusivamente ao escoamento de toras de madeira de lei para a vila Trairão, na BR-163, um número 150% maior que o registrado em 2005, tido como um ano de referência de “turbulência” na região.

 

A vizinha Floresta Nacional (Flona) Trairão registra igualmente forte atividade irregular, como pode ser verificado in loco pela equipe de campo do ISA. No total, 17 vetores ativos de degradação foram detectados em 2011 em toda a Terra do Meio, conforme mostra o mapa de 2012, elaborado pelo ISA. Até agora, poucas providências foram tomadas pelos órgãos responsáveis para coibir os esquemas ilegais, que já afetam diretamente as populações tradicionais de extrativistas e indígenas que habitam essas terras há muitas gerações (leia também).

 

Entre as indicações estão: a execução de operações efetivas de fiscalização e repressão aos crimes ambientais, precedidas de um trabalho de inteligência e planejamento estratégico, objetivando o desmonte dos grupos criminosos envolvidos; o reforço dos órgãos públicos atuantes na área (Ibama, ICMBio, Sema, Funai, Polícia Federal e Incra), especialmente no que tange a recursos humanos e capacidade de atuação em campo; a desintrusão dos ocupantes não indígenas da Terra Indígena Cachoeira Seca com atenção aos posseiros de boa fé, para que possam ter uma realocação digna e consensual; o aumento da presença institucional em pontos estratégicos, incluindo a instalação de postos de vigilância permanentes, postos de saúde, centros de formação; o apoio às iniciativas de monitoramento participativo comunitário; e a atuação coesa e efetiva do Incra nos Projetos de Assentamento limítrofes à Terra do Meio (principalmente Areia, Paraíso, Campo Verde, Trairão e Placas), para neutralizar os grupos que utilizam esses locais como base de apoio para a extração ilegal de madeira, e garantir a fixação de agricultores familiares.

 

Sobre a Rede Terra do Meio

 

Trata-se de um fórum formado por institutos de pesquisa, governo e organizações não governamentais que buscam caminhos para a consolidação do mosaico da Terra do Meio - bloco de áreas protegidas de um dos maiores corredores de diversidade socioambiental do mundo.

 

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