WWF alerta para pressão insustentável sobre o planeta

16/05/2012 19:51

Do Eco Verde

O aumento da procura por recursos, em razão do crescimento da população, está colocando enormes pressões sobre a biodiversidade do nosso planeta. De acordo com a edição 2012 do Relatório Planeta Vivo, do WWF, divulgado hoje, esta pressõa toda representa uma séria ameaça à segurança, à saúde e ao bem-estar da humanidade no futuro.

Produzido em colaboração com a Sociedade Zoológica de Londres e a Global Footprint Network, o relatório deste ano é lançado a partir da Estação Espacial Internacional, pelo astronauta André Kuipers, que nos oferece uma perspectiva única do estado do planeta a partir da sua missão na Agência Espacial Europeia.

- Só temos uma Terra. Daqui de cima eu posso ver a pegada da humanidade, incluindo os incêndios florestais, poluição do ar e erosão; no fundo os desafios que se colocam ao nosso Planeta nesta edição do Relatório Planeta Vivo - disse Kuipers no lançamento do relatório durante sua segunda missão no espaço.

- Embora existam pressões insustentáveis sobre o planeta, temos a capacidade de salvar a nossa casa, não só para nosso benefício, mas, sobretudo, para as gerações vindouras - completou.

O Relatório Planeta Vivo usa o Índice Global Planeta Vivo para medir as mudanças na saúde dos ecossistemas do planeta, avaliando 9.000 populações de mais de 2.600 espécies. O índice global revela quase 30 por cento de queda desde 1970, sendo os trópicos os mais atingidos, registrando-se um declínio de 60 por cento em menos de 40 anos. Assim enquanto a biodiversidade revela uma tendência decrescente, a Pegada Ecológica sobre a Terra aumenta, um dos outros indicadores-chave utilizados no relatório, ilustrando bem como a nossa crescente procura pelos recursos naturais se tornou insustentável.

- Estamos vivendo como se tivéssemos um planeta extra à nossa disposição, usando 50 por cento mais recursos do que a Terra pode produzir de forma sustentável e se não mudarmos esse rumo, este número vai crescer rapidamente - em 2030 até dois planetas não serão suficientes - disse Jim Leape, Director Geral da WWF Internacional.

O relatório reforça o impacto do crescimento da população humana e o sobre-consumo, como as principais causas da pressão ambiental.

- Este relatório é como um check-up planetário e os resultados indicam que temos um planeta muito doente -  disse Jonathan Baillie, Diretor do Programa de Conservação da Sociedade Zoológica de Londres.

- Ignorar este diagnóstico terá implicações importantes para a humanidade. Podemos restaurar a saúde do planeta, mas apenas através da resolução das causas mais profundas, como o crescimento populacional e o excessivo consumo - avaliou.

O relatório evidencia ainda o impacto da urbanização como uma dinâmica em crescimento – em 2050, duas em cada três pessoas viverão numa cidade; evidencia, por outro lado, a necessidade da humanidade desenvolver novas e melhores formas de gerir os recursos naturais.

- Podemos criar um futuro próspero que ofereça comida, água e energia para os 9 ou talvez 10 bilhões de pessoas que estarão a partilhar o planeta em 2050. As soluções centram-se em áreas como a redução de resíduos, gestão inteligente da água e utilização de fontes de energia renováveis que sejam limpas e abundantes – como a eólica e a solar - acrescentou Leape.

A diferença entre países ricos e pobres também é sublinhada no relatório. Países com altos rendimentos têm uma Pegada Ecológica, em média, cinco vezes maior do que os países de baixos rendimentos.Os dez países com maior pegada ecológica são: Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Dinamarca, Estados Unidos da América, Bélgica, Austrália, Canadá, Holanda e Irlanda. O Brasil aparece na 56ª posição.

Ainda de acordo com o Índice Global Planeta Vivo, o declínio da biodiversidade desde 1970 tem sido mais rápido nos países de baixa renda, o que demonstra como as nações mais pobres e vulneráveis estão subsidiando os estilos de vida dos países mais ricos. A diminuição da biocapacidade (capacidade de uma região para regenerar os seus recursos) vai levar à necessidade de importar recursos essenciais aos ecossistemas, uma tendência que os tornará mais vulneráveis a longo prazo.

- O crescimento da dependência de recursos externos está a colocar certos países em risco. A crise ecológica está a agravar os problemas de crescimento económico - disse Mathis Wackernagel, presidente da Global Footprint Network. 

- Usar cada vez mais a natureza, apesar de termos cada vez menos, é uma estratégia perigosa, mas a maioria dos países continua a seguir este caminho. Até os países começarem a controlar e gerir os seus próprios défices de biocapacidade, eles não só colocam o planeta em risco como, mais importante, a eles mesmos - explicou.

O Relatório Planeta Vivo apresenta um conjunto de soluções necessárias para reverter o Índice Planeta Vivo em declínio e reduzir a Pegada Ecológica para níveis compatíveis com a capacidade do planeta. Estas são definidas como 16 ações prioritárias e incluem a alteração dos padrões de consumo, a valorização económica do capital natural, e a criação de estruturas legais e políticas que promovam a gestão do acesso equitativo à água, alimentos e energia.

O relatório é lançado cinco semanas antes de nações, empresas e sociedade civil se reunirem no Rio de Janeiro para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20). Vinte anos passados depois da ultima conferência da Terra, este encontro é uma oportunidade chave para os líderes mundiais reafirmarem o seu compromisso para a criação de um futuro sustentável.

- Os desafios sublinhados no Relatório Planeta Vivo são claros -  disse Leape.  - A Rio+20 pode e deve ser o momento para os governos traçarem um novo rumo em direção à sustentabilidade. O encontro é uma oportunidade única para a definição de compromissos, para que governos, cidades e empresas unam forças, desempenhando um papel crucial para manter este planeta vivo - concluiu. (Fonte/ WWF e Instituto Carbono Brasil)

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