Israel reprime europeus com a conivência da Europa

13/07/2011 12:30

As instituições europeias mantêm em Bruxelas um silêncio absoluto contra as perseguições a cidadãos europeus solidários com a Palestina feitas por Israel durante os últimos dias.
Catherine Ashton, Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, e Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel
Catherine Ashton, Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, e Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel

O Serviço de Acção Externa da União Europeia ou qualquer outra instituição de Bruxelas mantêm o silêncio absoluto sobre a vaga repressiva que se abateu sobre os cidadãos europeus que responderam ao convite de 15 organizações palestinianas para se deslocarem à Cisjordânia, solidários com o direito à liberdade do povo da Palestina. Até ao momento 41 cidadãos franceses continuam presos em Israel, dezenas de outros de várias nacionalidades foram repatriados depois de também terem passado pelas cadeias e centenas foram impedidos de embarcar porque as polícias, as companhias aéreas e outras autoridades de países europeus cumpriram as instruções emanadas do governo de Israel.

Segundo as últimas informações obtida pela iniciativa Bienvenue en Palestine, 41 franceses ainda continuam detidos em cadeias israelitas, ao que tudo indica em Ramla, perto de Telavive. Algumas informações iniciais deram conta de que existem detidos europeus na prisão de Bersheva, mais para o sul, no deserto do Neguev.

Chegaram a estar cerca de cem europeus detidos em cadeias israelitas, depois de terem sido imediatamente capturados à chegada ao aeroporto. Depois de acções de responsáveis consulares franceses, belgas e ingleses, seis franceses chegaram segunda-feira ao fim da tarde a Genebra e dois grupos de 23 belgas regressaram a Bruxelas na segunda-feira à noite.

A acção de solidariedade Bienvenue en Palestine, Welcome to Palestine, partiu de um convite lançado por 15 organizações não governamentais palestinianas para que cidadãos europeus visitem Jerusalém Leste, Belém e outras regiões da Cisjordânia de modo a conhecerem a realidade em que vivem as populações sob ocupação ou sujeitas a outros tipos de restrições.

O apelo lançado pelas organizações palestinianas salienta o direito dos povos a viverem com dignidade, livres de ocupações e de restrições como muros e guettos, realidades que são o dia a dia na Cisjordânia submetida por Israel.

Num momento em que o governo de Israel se mantém activo junto de governos europeus para que não votem no Outono a admissão da Palestina na ONU – no âmbito da criação de uma “maioria moral” para o evitar, segundo Netanyahu – as autoridades europeias aceitaram fazer papel de polícias ao serviço de Israel impedindo centenas de cidadãos de embarcar em aviões para Telavive. Não é possível chegar-se aos territórios palestinianos de Jerusalém Leste e Cisjordânia sem passar por Israel.

Companhias aéreas e polícias europeias, munidas de listas fornecidas pelos serviços secretos de Israel (Mossad) proibiram centenas de cidadãos com passagens compradas de embarcarem em 8 de Julho a partir de aeroportos como Paris, Roma, Zurique, Genebra, Londres, Budapeste, Bruxelas, Munique, Frankfurt, e outros.

As autoridades israelitas informaram que da lista constavam “terroristas”, “hooligans” e outros “indesejáveis”, entre os quais crianças de 9 anos, como a pequena francesa Mélia.

Alguns dos que conseguiram embarcar ou foram detidos – e alguns repatriados imediatamente – ou detidos em cadeias israelitas depois de terem passado por uma cela no próprio aeroporto.

As autoridades israelitas alertaram entretanto a comunicação social de que cidadãos estrangeiros estavam a preparar acções de desestabilização no aeroporto, designadamente “imolações” e “arruaças”. No dia 9 de Julho, jornais israelitas deram conta de que 65 cidadãos europeus tinham sido presos.

Os seis repatriados franceses que chegaram segunda-feira à tarde a Genebra declararam que não foram vítima de maus tratos mas que testemunharam acções de intimidação, violência verbal e agressões sobre outros companheiros por parte de soldados israelitas.

Alguns dos cidadãos solidários conseguiram, ainda assim, chegar a Belém, entre os quais uma portuguesa, que deixa aqui o relato da experiência vivida até ao momento.

Artigo publicado no portal do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu

Fonte: Esquerda Net 

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