Sobre gente viva, que está morrendo

11/09/2011 10:54

 

Campo de refugiados de Dadaab, no Quênia Fatuma Badel fugiu de Buale, na Somália com seus 8 filhos. Ela deixou para trás seu marido: “Ele ficou doente e eu não conseguia carregá-lo. Não sei se ele está vivo ou morto. Esse bebê, meu filho mais novo, estava como morto quando cheguei aqui. Agora eu agradeço que eu possa ouvi-lo chorar de novo”. Ela está há três dias no hospital de MSF com seu bebê, Mohamud, que está severamente desnutrido. Com 9 meses de vida, ele pesa apenas 4,3 quilos.

Por Flávio  de Souza Lima

Meninas e meninos, boas!

Um tal William, aquele mesmo de O MERCADOR DE VENEZA, já disse que “o tempo é muito rápido para os que tem medo”. Pois é, entramos no mês em que todas as atenções da mídia se voltam para lembranças do dia 11, DIA EM QUE O OCIDENTE SE ASSOMBROU!

Desnecessário dizer que fiquei solidário com quem perdeu seus entes nos EUA sob Saddan, entretanto, não posso deixar de lembrar que a mesma ação (ou inação?!) que criou homens-bombas e teo/terroristas do ar, também faz estragos em outras partes do mundo.

No chamado CHIFRE AFRICANO, a fome grassa e campos de refugiados no Quênia fervilham de somalis desnutridos e semi-mortos. A ONU, atônita, não sensibiliza a ajuda e as potências ocidentais, juntamente com os meios de comunicação, dão de ombros para a questão. O mês foi reservado para programas de entrevistas do tipo: ONDE VOCÊ ESTAVA NO 11 DE SETEMBRO? Por aqui, brasileiros choram, ao lembrar dos aviões batendo nas torres. O que é isso?

Os comunicadores vendem o 11 de setembro como a maior tragédia de nosso tempo, por quê? Pessoas comuns, pelas ruas brasileiras compram a idéia e saem repetindo que o mundo mudou, como assim? O caso é que, hoje, no instante em que escrevo, estamos esquecendo gente viva, que está morrendo e vai morrer e concentrando toda a grade de programação, sítios, blogs, horas de debates, patrocínios… em algo que nos empurram como um divisor de águas da história… será?

Não desconheço as implicações ocidente/oriente, mas falo de gente, gente que clama por viver, mas que está fadada a virar reportagem especial de editoria, sem imagem, sem debate, sem pressões sobre os que devem fazer algo e, pior com muita fome. É isso.

Fonte: Blog Quem Tem Medo da Democracia?

Tópico: Sobre gente viva, que está morrendo

Nenhum comentário foi encontrado.

Novo comentário